quarta-feira, 19 de junho de 2013

O que vou contar



Eu não participei das passeatas que aconteceram nos últimos dias.
Poderia até falar que não o fiz porque estava em casa com meu pequeno, mas sinceramente não sei dizer se do contrario estaria lá. Não porque eu discorde, muito pelo contrario, mas como a maioria, já tive vontade e inúmeras oportunidades e não o fiz. Quase já tinha esquecido, mas sempre esperei , sentada, pela minha oportunidade de me "pintar a minha cara".
Mas de uma coisa eu tenho certeza, do que eu vou contar dessa semana pra ele, mesmo que anos depois caia no esquecimento nacional, eu vou contar.
Vou contar que essa tal de rede social conseguiu reunir milhões de amigos e pessoas que talvez você conheça simplesmente pra falar : “ara, não sou palhaço.”
Vou contar que o leite dele fervia e ele dormia, calmamente enquanto, na mesma proporção, próximo das 17 horas fervia também as ruas de São Paulo.
Vou contar que seus primos, “tios” e amigos gritavam as tais “palavras de ordem”
E a mídia, de uma forma geral transmitia tudo e repetiam incontáveis vezes o termo"manifestação pacifica”
Vou contar que todo mundo que s indignava no sofá da sala durante o noticiário das vinte horas decidiu estar do outro lado da tela, fazendo a noticia,fazendo historia.
Vou contar que hinos que há  muito tempo estavam restritos as partidas de futebol tomaram as ruas do pais.
Vou contar que o hino nacional que há muito parecia esquecido estava apenas adormecido na memória de cada um.
Dias de lutas, protestos, manifestações, cartazes e bandeiras cobriram nossa cidade.
Vou contar do dia em que não foi a eliminação do ultimo big brother que permeou as conversar no bar, cabeleireiros, ou elevador.
Vou contar do dia em precisamos da tela de um computador pra perceber que o “senso comum” é o bom senso. É organização, objetivo único, comunicação, vontade e indignação.
E vou contar acima de tudo que no silencio desse texto eu agradeci não só por ele, pelo futuro dele, mas sobretudo por mim.
Agradeci porque desde sempre eu procurei diferenciar meu pensamento do senso comum, da massa (filosofias de boteco) mas nesse dia eu percebi que não. A errada SOU EU.
 Jornalistas, Historiadores, donas de casa, estudantes e sociólogos, o que quer que sejamos somos muito parecidos. A busca não tem que ser pra se diferenciar, falar em terceira pessoa, jogar a culpa no outro, xingar o governo.
 A luta é outra. e minha parte, ninguém vai fazer por mim.
 Vou contar de como eu me arrepiei de ver isso acontecendo, em tempo real.
Vou contar de como eu desejei estar lá, não só naquele dia, muito antes.
Vou contar da vontade de ter historias de participações minhas em momentos assim pra contar pra ele

Depois desses dias, espero de verdade, agora sim falo por ele, pelo futuro do meu filho, que não voltemos a nos isolar e esqueçamos a força que temos unidos.
Que venha mais 0,20 centavos que nos faça acordar e ouvir aqueles que nunca deixaram calar sua voz.
Agradeço aqueles que foram, aqueles que não cansaram de falar e organizar esse momento.
Continuo não sendo a favor de inúmeras causas levantadas nas discussões que vieram a tona, nem a forma que alguns grupos optam por se manifestar.
Também não tenho a ilusão de que tudo são flores, que todos “acordaram” pra realidade que vivemos. Mas hoje vou dormir com a sensação que muitos pensamento
o que eu fazia em 17 de junho de 2013
s que pra mim eram utópicos podem não ser tanta utopia assim.
Joyce Araújo