sábado, 22 de agosto de 2009

Quase

"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.

Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.

O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

(Autoria atribuída a Luís Fernando Veríssimo, mas que ele mesmo diz ser de Sarah Westphal Batista da Silva, em sua coluna do dia 31 de março de 2005 do jornal O Globo)

domingo, 9 de agosto de 2009

A viagem ....



Morte, eita palavrinha pesada...
Prefiro pensar nela como uma viagem com passagem não reembolsável, daquelas que não se tem o direito de pegar o trem mais cedo, nem mais tarde.

Assim como toda despedida quem fica começa a sentir o coração apertar de pensar na saudade que ficará no lugar do viajante, mesmo sabendo que partindo ele aproveitará novos momentos e emoções diferentes.

Alguém muito especial “viajou” há uma semana atrás.

Não sabemos os planos que nos são traçados por alguém lá de cima, e na nossa ignorância humana nós ousamos a nos indignar e praguejar contra o modo que ele foi levado de nós... o quanto ele sofreu.

Ele lutou, temos certeza disso e muitos lutaram com ele. Quem pode dizer que a batalha foi perdida?

Essa hora já estava marcada, é fato que ele iria nos deixar, prefiro pensar que a doença foi apenas uma forma que fazer a todos nós refletir, dizer e fazer coisas que estavam esquecidas e amarradas a um passado não tão distante assim.

Foi o tempo que ele teve para dar uma pausa em seu trabalho e desfrutar feliz e intensamente da sua mais bela conquista: sua família.

Uma irmã....um carinho....os filhos...a mãe...o amor de sua vida....

Sofisticado e simples.

Culto, buscava sempre desbravar novas culturas mas sem nunca se esquecer da dele.

Para mim um exemplo de caráter, inteligência... um exemplo de pessoa.

Fico muito feliz e lisonjeada que por uma obra do destino, no ultimo ano, me aproximei dele e desfrutei de conversas, e de sua atenção, preocupação esta que nunca vou me esquecer.

O sr. João lançou a semente e fincou nossa raiz...

Edvan durante todo o seu tempo, cuidou desta planta..

E nós, que só ficamos de colher este fruto, regar e cultivar para manter vivo estamos deixando apodrecer e cair, passando do tempo...

Mas graças a Deus ainda temos esse tempo. Já diria Jim Morrison

“A morte não separa, só o que separa é o desamor.”

Encerro este texto indagando a cada um que estiver lendo a pensar que cada momento é realmente único, ele em seus últimos momentos ainda nos ensinava;

Lutava para ver cada rosto, para mais um gesto de carinho, se esforçava para falar coisas que NÓS, tendo oportunidade em abundância de dizer nos negamos por tolices do cotidiano.


Valeu tio por mais esta lição......


Joyce Fonsêca de Araújo